quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ETs




Gostamos de pensar que vivemos o auge da civilização. Que tudo o que veio antes, e tudo o que vai acontecer, são menores diante do momento histórico presente.

Mas a verdade é que estamos um tanto... ultrapassados.

Afinal, o mundo que está mudando em uma velocidade tão vertiginosa... que a mudança simplesmente não reflete em nosso cotidiano.

- Ainda dirigimos. Todos dias enfrentamos engarrafamentos, consórcios, estradas, rodízios, atropelamentos, multas, acidentes e estacionamentos. Mas não precisamos. Nossos computadores já são suficentes para tudo o que precisarmos, sem sairmos de casa. Ir ao trabalho? Messenger, Documentos Compartilhados. Aulas, provas? Webcams e sites seguros. Compras? Delivery do supermercado.

- Ainda poluimos. Ainda dependemos do petróleo para movimentar nossos motores, nossa economia, nossa liberdade de ir e vir. As soluções já existem em escala menor, como a experiência no uso de alternativas ao combustível fóssil. O carro elétrico já andou na Terra, como conta o filme 'Quem Matou O Carro Elétrico?", e está prestes à voltar para o mercado. Mas ainda não voltou. E ainda vivemos o futuro imaginado no passado.

- A internet ainda é sub-utilizada. Passamos poucos minutos na rede aprendendo, modificando, criando. A maior parte do conetúdo ainda é o óbvio, rápido, superficial. Ainda não criamos o documentário colaborativo mundial que irá tirar o Oscar das mãos do produto mais quente de Hollywood. Ainda não criamos a nova música, que irá subverter todos os sons feitos antes e toda a estrutura do showbizz estabelecido desde a década de 30. Ainda estamos presos no computador (e começando a ficar presos no celular). Ainda não podemos comprar os minúsculos modens que farão com que qualquer objeto conecte-se à grande rede. Tênis irão dizer o caminho. Geladeiras irão fazer compras. Fones de ouvido captarão qualquer rádio online do mundo, enquanto sua camiseta, equipada com microfones hi-fi irá transmitir sua conversa para o mundo inteiro, em sua própria estação virtual. E sim, isso já é possível.

- Ainda vamos ao médico. Ainda precisamos de representantes eleitos. Ainda dependemos de lucro, mesmo sabendo que o que compramos aqui custou a metade do preço ali na esquina. Ainda acreditamos no direito autoral. Ainda punimos e torturamos com instrumentos medievais. Ainda batemos no mais fraco. Ainda convivemos com a solidão.

- Ainda opomos capitalismo e socialismo, anos depois da maior ferramenta humana já criada mudar completamente a dinâmica da produção e da distribuição de forças. A especulação descontrolada, criada à partir da sinfonia de trilhões de teclas enter sendo pressionadas ao mesmo tempo e levando abobrinhas, boatos, e mentiras instantaneamente de Hong Kong para Nova York, derruba a bolsa mais uma vez. Governos não sabem o que fazer. Não existe controle. A fragilidade do sistema econômico está exposta, escancarada, na cara. Ainda assim ele é a a coluna vertebral que mantém nossa sociedade em pé. Ainda.

A lista do que, de uma hora pra outra não vai fazer mais sentido, é imensa, vai muito longe. E a sensação final é a de que estamos vivendo um período pré-histórico, embrionário. Assistimos a extinção melncólica de hábitos e costumes que ainda repetimos, meio sem saber porquê. Agimos como nossos antepassados entendem, mas que as futuras gerações vão ficar confusas ao tentar compreender.

Não acha? Quando o futuro vai, finalmente, chegar?

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